EDITORIAL PIM
Duas cabeças pensam melhor do que uma…e contudo, duas cabeças não são duas vezes melhores que uma. São muitas, mas muitas vezes melhores. Múltiplas mentes a trabalhar em uníssono ampliam exponencialmente o efeito de um pensamento e de uma ação.
A ideia da consciência universal é uma realidade científica fundamental.
A tecnologia ligou-nos uns aos outros de formas que nunca antes imaginámos: o twitter, o Google, a wikipédia e todas as outras redes socias interagem para criar uma rede de mentes interligadas.
Assistimos aos efeitos deste poder nos noticiários da televisão.
Antes disso, a nossa história estava já carregada de exemplos semelhantes, retratos da união fazendo a força.
Quando formos capazes de transpor este poder mais do que provado para os nossos núcleos mais restritos (Delegados de Informação Médica de cada empresa, a nível nacional ou apenas nas sua equipa, etc.), quando finalmente se largar o EU para onde fomos habilmente empurrados, e nos apercebemos da força que temos quando unidos pelos mesmos interesses, caminhando no mesmo sentido, aí sim, será conseguido o bem comum a todos, nas condições laborais e na felicidade no trabalho.
E não se trata de nenhum milagre ou intervenção extraterrestre, é apenas a coragem de cada elemento de um povo a lutar coletivamente pelos seus interesses, dizendo que basta!
Também somos gente – somos importantes – somos o garante das nossas empresas – sem sermos escravos.
Sandra Barata
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GPS
Foi já notícia no jornal DN de1 de abril de 2012, que esta estrutura sindical que representa os DIM’s apresentou várias queixas junto da Comissão Nacional de Proteção de Dados em virtude da utilização de GPS para vigiar trabalhadores.
As firmas que vendem estes equipamentos, que custam entre 54 e 180 euros, argumentam sobre a mais-valia do controle do trabalhador que este aparelho possibilita, sendo mais “fiável” e económico do que perguntar ao condutor por onde andou.
Já as empresas, gastam alegremente os montantes envolvidos, e nenhuma assume que quer controlar o trabalhador.
Depois do telemóvel, os sistemas de geo-localização são agora uma fórmula encontrada para efetuar vigilância à distância, intrometendo-se na vida particular do DIM e violando o seu direito à privacidade.
A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) recebe todas as semanas pedidos de autorização de empresas farmacêuticas para instalarem dispositivos de localização de GPS nas viaturas que entrega aos seus DIM para uso total.
Mesmo que o objetivo fosse fazer «gestão de frotas» com a montagem destes aparelhos nas viaturas, as principais a justificar esse investimento seriam as de alta cilindrada, que são entregues às patentes mais elevadas destas empresas, a quem curiosamente este meio de «gestão de frota» não se aplica. Porque será?…
Note-se que a Comissão de Dados não aprovou qualquer pedido por considerar que se trata de um meio de vigilância à distância.
Assim, os laboratórios que usam este sistema agem de forma ilegal.
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CONGRESSO DA CGTP
RENOVA COMPROMISSO DE DEFESA dos TRABALHADORES
Como sabem, houve mudança de secretário-geral da CGTP e o último foi um congresso de renovação, com mais de 40 novos membros.
A CGTP continua empenhada num sindicalismo que luta por um Portugal democrático, desenvolvido, solidário e soberano, reafirmando ser
uma central sindical que alicerça a sua ação na defesa dos legítimos interesses direitos e aspirações coletivas e individuais das trabalhadoras e trabalhadores portugueses, nas suas múltiplas dimensões de cidadãos e criadores de riqueza material e espiritual, e visa promover a sua emancipação cívica, económica, social e cultural, combatendo as injustiças, as desigualdades, as discriminações, as exclusões, o egoísmo, o racismo, a xenofobia, a alienação cultural e a exploração económica do sistema capitalista, na perspetiva histórica da edificação de uma sociedade sem classes.
Na comunicação aos delegados do congresso em janeiro de 2012, foi exaltada a natureza dos princípios do sindicalismo, bem como a determinação na concretização do projeto humanista, animado pela convicção de ser a Central Sindical das trabalhadoras e trabalhadores portugueses, a lutar por um “Portugal desenvolvido e soberano – trabalho com direitos”.
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DISCRIMINAÇÃO DAS GRÁVIDAS
Todos os DIM sabem – não precisam ser mulheres – sabem que ao engravidar, uma Delegada tem mais probabilidade de ter “problemas” na empresa.
A realidade, expressas nos números do despedimento coletivo, é que muitas grávidas, lactantes e puérperas são incluídas em processos deste tipo com a finalidade de serem descartadas das suas empresas.
Podem ser excelentes trabalhadoras, dedicadas e cheias de sucessos no seu palmarés, porém, ao assumir ter um filho, a empresa assume que a trabalhadora cessou de dar lucro.
Se os DIM usassem o tempo de licença de parentalidade que a lei concede também ao pai, sentiriam também decerto essa probabilidade acrescida – ou não…
E talvez não porque a realidade é que em países onde os homens partilham com as mulheres das licenças parentais, a proteção à maternidade resulta.
É por ser a mulher quem tem a cargo a maioria das tarefas dedicadas à criança que é a mulher a prejudicada laboralmente pela criança que é forçosamente dos dois – do homem e da mulher.
Enquanto os gestores e gestoras da empresa não entenderem que cá estão porque alguém se arriscou a ser prejudicada laboralmente, presenciaremos situações de discriminação de grávidas, lactantes e puérperas.
Enquanto não existirem sistemas de vigilância apertada a estas formas abusivas de discriminação laboral, persistirão os desvarios das empresas.
É importante que mulheres e homens pensem nisto, sob o risco de persistir a diminuição da natalidade e o envelhecimento da população.
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GREVE GERAL
Estava em votação a Lei 46/2012. Para quem não sabe, é uma lei que entre outras coisas vem facilitar os despedimentos, porque o governo e a UGT ainda acham que é “difícil” despedir, que é preciso facilitar e embaratecer os despedimentos para uma maior competitividade das empresas.
Depois há admiração com os números crescentes do desemprego – como se as pessoas despedidas fossem de imediato “competir” para outra empresa.
Houve quem dissesse que a greve não vinha em boa altura. Que era melhor ignorar o que se estava a passar e não fazer barulho.
Para alguns seria, claramente. A ignorância de uns é sempre lucrativa para outros…e a desinformação também. Mais uma vez, a comunicação social divulga as estatísticas díspares de adesão à greve geral de 22 de março de 2012. Diz-se que ‘a adesão foi fraca’, que os jornalistas deviam estar identificados, que os turistas foram envolvidos em cenas policiais, que houve feridos.
Convidamos os nossos leitores a pesquisar nas redes sociais os vídeos sobre o assunto. Não aceitem sem pensar no que aqui é dito, ou noutro qualquer meio de difusão de informação. Se os policiais agiram, e se a força que empregaram foi proporcional e medida – retirem por vós as vossas conclusões. Se os jornalistas e turistas devem ser preservados mas os grevistas não – ajuízem por vós e pelos vossos amigos, familiares e conhecidos que lá estiveram.
Eu estive lá. Pelo que vivi, foram momentos de convívio e de partilha. em alegria e em consciência de que estava a cumprir o meu dever de cidadania ativa – para lutar pelos meus direitos, pelos direitos dos meus colegas, pelos direitos dos meus filhos.
Coletivamente, ou manifestamos o que queremos e não queremos nas urnas – ou manifestamos o que queremos – e não queremos – na rua – a casa do povo.
Temos que ir estudar a história da luta e perceber que o que ela nos diz é muito importante. Algo para recordarmos neste momento quando há tanto em jogo. Ensina-nos que se quisermos respostas para esta “crise económica” que nos levem a um mundo mais saudável e justo temos de ir às ruas e obrigar quem foi eleito a cumprir o que prometeu.
Quando as manifestações ocorrem no Egito ou na Líbia estamos prontos a aceitar que quem se manifesta tem uma causa justa. Ao contrário, quando é nas ruas de Castelo Branco ou do Cacém, sentimos de modo diferente.
E tu? Como te manifestas?
Citando Saramago: «Estou convencido de que é preciso continuar a dizer não, mesmo que se trate de uma voz pregando no deserto.»
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STRESS NO TRABALHO
Segundo estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition e divulgado recentemente pelo jornal PÚBLICO, estar saturado no trabalho relaciona-se com a tendência para se refugiar na comida.
A degradação das condições de trabalho, incluindo a sujeição ao stress, à burocracia gratuita, e ao rebaixamento dos profissionais ‘porque sim’, faz com que as refeições sejam um amparo.
Estar sujeito a demasiado stress é meio caminho para procurar consolo na comida e fazer piores escolhas alimentares, com mais propensão para opções alimentares “emocionais”. Assim, acabamos por comer mais (e pior) quando estamos sujeitos a ansiedade. As mulheres, com mais problemas no trabalho, foram as que mais sentiram este efeito.
Os investigadores referem como alimentação emocional e descontrolada o não parar de comer enquanto o prato ou o pacote não estiver vazio, estando relacionado com sintomas de esgotamento, o que torna os trabalhadores e trabalhadoras ainda mais vulneráveis por limitar a própria capacidade de mudar o comportamento alimentar.
Assim, na hora de escolher o que comer – pensem se o estão a fazer emocionalmente ou se é mesmo isso que querem comer – e se na base dessa escolha não estará mais a ansiedade que o vosso chefe vos faz sentir – e se não haverá uma maneira melhor de lidarem com esse stress e esse chefe do que ‘batata frita de pacote’…
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SÍNDROME DE BURNOUT
O Burnout é uma forma de esgotamento causado pelo desgaste com a atividade profissional, resultando de uma exposição prolongada a níveis de stress elevados, para os quais não se tem estratégias de confronto adequadas.
Cada vez mais comum, caracteriza-se por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e isolamento.
O Burnout vai além do stress, chegando à sensação de exaustão física e psíquica, geralmente resultado de períodos de esforço excessivo no trabalho, com intervalos demasiado pequenos para recuperação.
Determinados traços de personalidade podem tornar as pessoas mais suscetíveis, bem como determinadas atividades profissionais, como os profissionais das áreas relacionadas com a medicina.
Os aspetos do ambiente profissional podem muitas vezes ser alterados com uma postura mais assertiva, e podem-se alterar hábitos e rotinas pessoais.
Tira férias sempre que possível. Usa esse tempo para recarregar baterias – desligua do que te incomoda – muda de cenário – pratica atividades ao ar livre. Se não for época de ir para a praia ou não puderes viajar, simplesmente dedica-te a atividades de que gostas e não podes fazer devido ao horário de trabalho a que te sujeitas ou às preocupações que te ocupam.
Faz um balanço das tuas atividades: numa folha de papel, coloca numa coluna as tarefas que gostas de fazer e noutra as que não gostas, ou que te parecem inúteis.
Pensa um pouco sobre o saldo resultante e tenta alterar o equilíbrio da tua distribuição de tempo em favor das tarefas “positivas”.
Reduz o tempo que dedicas a tarefas “negativas”. Se não as podes evitar, podes pelo menos diminuir o tempo que lhes dás.
Pensa na tua carreira sem deixar de pensar na tua saúde e na tua família – RELAXA!
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ASSSÉDIO MORAL
O Código do Trabalho no seu artigo 29.º, define o assédio como o “comportamento indesejado, nomeadamente o baseado em fator de discriminação, praticado aquando do acesso ao emprego ou no próprio emprego, trabalho ou formação profissional, com o objetivo o efeito de perturbar ou constranger a pessoa, afetar a sua dignidade, ou de lhe criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador”.
O assédio moral é cada vez mais usado pelas entidades patronais para discriminar e/ou perseguir os trabalhadores, com a finalidade de facilitar o seu despedimento ou simplesmente não aumentar o seu ordenado.
Consiste em atos ofensivos da dignidade dos trabalhadores, repetidos e mantidos, visando diminuir a autoestima, disfarçados sob uma aparente legitimidade.
Muitas vezes são praticados sem a presença de outros trabalhadores que os testemunhem, como o caso do trabalhador a quem o chefe repetiu várias vezes não lhe dar aumento por causa da cor da sua pele, associando ao assédio uma clara discriminação racial.
Mas muitas vezes ocorrem durante reuniões a que todos assistem, sendo esta forma de ‘bullying’ muito comum na nossa profissão.
Assédio moral é o que acontece quando no dia da reunião um ‘cristo’ é visado como culpado de todos os males da equipa porque por exemplo não fez um relatório – e que essa grande falha quase pode por em risco a sobrevivência de toda a empresa – quando esse relatório foi ‘encomendado’ de véspera, obviamente para servir de engodo para um discurso de assédio previamente conjeturado.
Assédio moral é o que acontece quando numa reunião de ciclo um DIM é chamado à pedra para servir de exemplo de más vendas, quando na realidade a responsabilidade das vendas nem é dele porque acaba de receber um produto ou uma zona.
Os colegas presentes tendem a acreditar inclusivamente nas palavras das chefias, e olhar de soslaio para o colega, enxovalhado publicamente e sem qualquer culpa ou sequer responsabilidade dos factos que lhe são imputados num teatro que visa apenas envergonhar e diminuir. Por vezes esses mesmos colegas telefonam passado algum tempo a prestar solidariedade em segredo. Porém, o momento de atuar é aquele em que ocorre o assédio. Desmontando o enredo criado e não deixando passar em branco a injustiça feita ao trabalho do colega.
Contudo, provar o assédio moral costuma ser difícil – quer porque os restantes colegas não são solidários e não se prestam a testemunhar a favor do seu colega, quer porque o próprio visado não valoriza o que aconteceu e só mais tarde cai em si e dá conta de que foi vítima de assédio.
A prova torna-se mais fácil quando se baseia em conduta discriminatória porque nestes casos a lei inverte o ónus da prova.
O problema é mais complexo quando o assédio moral é uma violência psicológica continuada – o que gera alguma ‘naturalidade’ em tudo o que acontece e um deixar andar’ até ser demasiado tarde.
Assim, para lidar com estas situações, o melhor é estar atento, e falar na devida altura. Sinalizar sempre que algo desviante acontece e relatar de imediato o caso ao delegado sindical – ou na falta deste – ao sindicato.
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ENGOLIR SAPOS
Selecionar a tarefa mais importante em cada momento, e depois executar essa tarefa – rápido e bem – é das qualidades ou capacidades que provavelmente tem mais impacto no nosso sucesso.
Se desenvolvermos o hábito de estabelecer prioridades claras e concluir rapidamente as tarefas mais importantes, podemos superar génios que fazem planos fantásticos mas que pouco executam.
Podemos adiar muitas coisas desagradáveis, mas se temos de as fazer, pode ter um impacto positivo no resto do dia ‘despachar’ essa tarefa.
A gestão do tempo é realmente a gestão da vida ou gestão pessoal. É realmente assumir o controlo da sequência de acontecimentos da nossa vida. Somos sempre livres para escolher a tarefa que vamos fazer a seguir – e a nossa capacidade de escolha entre o importante e o acessório pode ser determinante no nosso sucesso.
Assim, se despacharmos rapidamente aquele relatório diário ou aquele mapa de despesas que nos anda a aborrecer – o dia vai parecer muito mais leve.
Há sapos que temos mesmo de engolir – então que seja rápido e que se sigam coisas melhores…
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VENTOS DE MUDANÇA
Na Alemanha, país que se reergueu da primeira e segunda guerras à custa de muito trabalho – e que valoriza o trabalho – milhares de trabalhadores têm levado a cabo greves durante o ano de 2012, apesar de não ser grandemente noticiado na comunicação social nacional.
As paralisações nos diversos estados federados da Alemanha visam entre outras reivindicações, aumentos salariais.
Uma das greves afetou particularmente os transportes públicos em Frankfurt, obrigando à paralisação do metropolitano, comboios e autocarros.
Na primeira ronda de negociações, as reivindicações foram consideradas “irrealistas” e não foi apresentada qualquer contraproposta.
A luta dos trabalhadores alemães conduziu a um aumento de 2.6 % nos salários, com retroativos a janeiro.
Isto exemplifica como a greve valoriza o trabalho, defendendo o seu valor e a sua respetiva retribuição quando as entidades responsáveis procuram obter lucro à custa de condições de trabalho menos boas para quem proporciona o lucro: os trabalhadores.
Exemplifica a distorção da realidade que se opera na comunicação social, que seleciona os conteúdos ‘politicamente corretos’ e relega para o esquecimento os temas que podem incomodar os poderes instituídos e os lucros de poucos à custa de muitos mal pagos.
Demonstra-se assim que sempre sopram ventos de mudança – mesmo quando não temos consciência deles.
E é bom que se tenha consciência de que quando há conquistas – elas não acontecem por geração espontânea – “aparecem” porque foram conseguidas pelo esforço e trabalho de quem se dedica a lutar por elas.