Bom dia camaradas,
O 1º de Maio é a mais importante jornada de luta dos trabalhadores. Todos conhecemos a sua história e como os trabalhadores, assumindo a sua força, obrigaram à sua marcação. Nunca é, no entanto, demais lembrar que foi há 132 anos, que 8 trabalhadores foram presos e assassinados devido às suas ideias de resistência e combate à exploração do homem pelo homem. Ficaram conhecidos como Mártires de Chicago e juntamente com milhares de outros originaram uma chama subterrânea que se alastrou a todo o mundo.
Em Portugal o 1º de Maio serve também para recordar Abril. Há 44 anos o nosso país foi transformado pelo seu povo e esse mesmo povo defende o que conquistou a cada 1º de Maio.
Foi muito o que conquistamos, perdemos e recuperamos porque nunca nada nos é dado. Nós possibilitamos uma nova fase de reposição de direitos que conduziu à recuperação dos feriados, das 35 horas semanais, à criação de um processo de integração de precários na administração pública, ao fim do corte de 10% no subsídio de desemprego.
Local de trabalho a local de trabalho são os trabalhadores que estão e irão continuar a estar a assegurar que se vai mais longe na inversão do caminho de empobrecimento que o país estava a levar.
Os trabalhadores da administração local conseguiram já em vários Municípios e freguesias, como é o caso de Fronteira, Monforte, Crato, Avis e Portalegre, repor os 25 dias de férias através da contratação colectiva. Conseguiram ainda o reposicionamento remuneratório de centenas de trabalhadores e que se iniciasse o processo de regularização de vínculos precários nas autarquias, possibilitando a outras centenas de trabalhadores o reconhecimento de que as funções que exercem são permanentes.
Os trabalhadores da Evertis conseguiram um salário mínimo de 605 Euros e um aumento de 1 Euro no subsídio de alimentação.
Os trabalhadores das cantinas dos Hospitais de Portalegre e Elvas conseguiram o pagamento dos feriados a dobrar.
Mais, os professores do ensino superior apresentaram já 6000 requerimentos no âmbito do programa de regularização de vínculos precários e os enfermeiros conseguiram com a sua luta a regulamentação da lei das 35 horas para os enfermeiros em contrato individual de trabalho.
Foi a unidade e organização das lutas destes trabalhadores num movimento sindical de classe que conduziu a estes resultados e conduzirá a muitos mais porque juntos podemos exigir uma mais justa repartição da riqueza, pela valorização do trabalho.
É preciso, é a hora de ir mais longe por isso exigimos o aumento geral dos salários, o combate efectivo à precariedade, o direito à contratação colectiva.
Os trabalhadores do grupo Águas de Portugal, aqui hoje, realizaram há dias uma greve histórica, em todas as empresas do grupo, uma greve que teve adesão a 100% no sector da manutenção no nosso distrito, uma greve convocada em dezenas de plenários, dirigidos por dezenas de dirigentes e delegados sindicais da CGTP-IN, uma greve que tem por base a luta pelo direito constitucional da contratação colectiva, aumento dos salários, a uniformização dos direitos, a regularização dos vínculos precários, a atribuição de carreiras e categorias e o estabelecimento das 7 horas diárias e 35 horas semanais.
As trabalhadoras das cantinas dos Hospitais de Portalegre e Elvas, entregues agora à Itaú, participaram numa jornada de luta também pelo direito à contratação colectiva convocada pelo seu sindicato de classe, exigindo ainda que a Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano se responsabilizasse pelas suas condições de trabalho e pelo ambiente de incerteza e de constante mudança de empresa.
Mais lutas estão marcadas para Maio: a greve de hoje dos trabalhadores dos híper e supermercados, como por exemplo do Pingo Doce/ Grupo Jerónimo Martins e outros, o culminar de uma quinzena de luta que começou em Abril por aumentos salariais e o fim das discriminações salariais, horários regulados que permitam a harmonização entre a vida profissional e a vida pessoal e familiar, justiça nas carreiras profissionais, o fim do trabalho precário, o fim dos ritmos de trabalho destruidores da sua saúde, o fim do assédio moral, pressão e repressão nos locais de trabalho, pela negociação, respeito e cumprimento da contratação colectiva; a greve do próximo dia 4 de Maio dos trabalhadores das escolas que exigem a reposição das carreiras especiais, aumentos salariais, o fim da precariedade, a contratação de mais pessoal e o fim da municipalização e a manifestação nacional dos professores no dia 19 de Maio pelo reconhecimento de 9 anos, 4 meses e 2 dias de serviço para a sua progressão na carreira.
Daqui saudamos todos estes trabalhadores e todos os outros, guardas-prisionais, trabalhadores do Dia/ Minipreço e muitos outros que lutando darão força a um movimento reivindicativo que se quer poderoso neste combate sem tréguas pela defesa intransigente dos seus direitos e pela sua emancipação social.
Um combate contra os baixos salários que se praticam por exemplo no sector social, com trabalhadores com 20, 30 anos de casa a receberem menos de 600 Euros. Um combate contra a precariedade que coloca metade dos trabalhadores da Hutchinson na iminência do desemprego. Um combate pela contração colectiva que possa permitir a melhoria e não o retrocesso das condições de trabalho, sem adaptabilidade, sem bancos de horas, com horários e salários dignos que aumentem para fazer face ao custo de vida. Um combate pelo direito à conciliação do trabalho e da família como aquele que é travado por vários trabalhadores por turnos, homens e mulheres, que exigem tempo para cuidar dos seus filhos. Um combate em defesa da liberdade sindical, ultrapassando as barreiras colocadas à organização sindical como aconteceu há dias no Matadouro de Sousel onde impediram a realização de um plenário sindical e resistindo ao assédio e aos castigos aplicados aos trabalhadores que se sindicalizam.
O movimento de reivindicações e luta não pode parar!
É inaceitável uma política que em vez de responder aos interesses dos trabalhadores, os que produzem a riqueza, se coloque do lado do poder económico, legisle em seu favor, facilite ou ignore a repressão, as discriminações, a negação e violação de direitos para aumentar a exploração dos trabalhadores e acumulação de lucros e fortunas dos patrões!
É inaceitável a subordinação dos interesses nacionais às políticas europeias, a obsessão do governo com o défice, a insistência numa politica de congelamentos e baixos salários, a tentativa de regularizar a precariedade, a convergência do PS e do seu governo com a direita, o patronato e a UGT na recusa da eliminação da caducidade da contratação colectiva que está a ser usada como chantagem dos patrões contra os trabalhadores e da reposição do principio do tratamento mais favorável.
Por isso temos de intensificar a acção e a luta em todos os locais de trabalho e fazer de Maio um mês de luta intensa que culminará numa Grande Manifestação Nacional, em Lisboa, no dia 9 de Junho, que agora mesmo convocamos, que expressará as reivindicações dos trabalhadores e do povo, exigindo a ruptura com a política de direita e a implementação de uma política de esquerda e soberana, que abra as portas a melhores condições de vida e de trabalho, que valorize o trabalho e os trabalhadores, a um Portugal com futuro!
Vamos lutar pelos direitos. Valorizar os trabalhadores!
Viva o 1º de Maio
Viva a luta dos trabalhadores
Viva a CGTP-IN