Os especialistas alertam para a chegada da primeira onda de calor neste verão e os Trabalhadores anteveem os problemas que isso lhes traz para o desempenho das suas tarefas no posto de trabalho, especialmente se adicionarmos a utilização de determinados EPIs que em nada ajudam a refrescar…
Antes da chegada da primeira onda de calor do verão, lembramos que o corpo precisa de 5 a 7 dias para se adaptar às altas temperaturas e poder suportar o calor no trabalho.
No primeiro dia de trabalho em ambientes quentes o Trabalhador sofre picos de tensão e angústia durante a jornada de trabalho, devido ao fato de a temperatura corporal, o número de pulsações e o desconforto em geral aumentarem consideravelmente. Este é um fenómeno que se esbate durante cerca de uma semana, mas, ainda assim, uma vez decorrido este período de adaptação, não devemos serenar totalmente.
Uma grande parte dos Trabalhadores estão obrigados ao uso de equipamentos de proteção individual, e isso contribui para o aumento da probabilidade de sofrer de stress térmico. Explicamos em que consiste, quais os seus sintomas, para os quais devemos estar alerta, e como evitá-lo.
A sua prevenção deve fazer-se, desde logo, por uma escolha cuidada da roupa adequada à temperatura em que o trabalho é realizado e dos EPIs que devem proteger dos riscos inerentes à atividade. Nesse sentido, o vestuário de trabalho deve ter especial atenção ao seu isolamento térmico, arejamento por evaporação do suor e proteção contra queimaduras.
Coletes de refrigeração: um dos últimos avanços da tecnologia para controlo da temperatura corporal:
Pesquisadores da Radboud University Medical Center, nos Países Baixos, testaram uns coletes de refrigeração, originalmente projetados para atletas de alta competição, em equipas de enfermagem que trabalham longos turnos nas enfermarias COVID, com uso contínuo de EPIs.
Os coletes são armazenados num frigorífico, antes de serem usados, e colocados à disposição dos funcionários dentro de uma caixa térmica portátil. Possuem 36 compartimentos (bolsos) que contêm um material refrigerante armazenado em invólucros termoplásticos de poliuretano.
Os Trabalhadores usaram estes coletes por cima do vestuário de trabalho, mas por baixo do equipamento de proteção COVID. O efeito sobre a temperatura corporal é mínimo, mas os voluntários do estudo registaram frequências cardíacas mais baixas durante o trabalho, sugerindo uma diminuição nos níveis de stress. Estes coletes podem ser uma boa solução em postos de trabalho onde o stress térmico é comum ao longo do ano ou, ocasionalmente, no verão.
Sapatos e luvas respirantes:
Houve também, recentemente, grandes avanços no calçado de segurança, levando ao aparecimento de novos modelos com tecnologia de recirculação do ar. São modelos em que, ao caminhar, a pressão no calcanhar empurra o ar para a frente, eliminando a umidade. O ar quente e húmido, ao ser empurrado para a frente, remove o calor interno e mantém o pé seco. No mesmo sentido, está provado que a utilização de uma biqueira não metálica, mais leve, mais elástica, não magnética, e termo-isolante pode garantir um maior conforto térmico nos pés do Trabalhador.
No que toca às luvas, foram desenvolvidos novos modelos que permitem uma melhor ventilação. As mãos possuem 83% mais glândulas sudoríparas do que em outras partes do corpo, o que, em resposta ao aumento de temperatura, resulta no seu encharcamento com suor. Estas novas luvas possuem um agente químico, não nocivo, que é libertado consoante o aumento de temperatura, para manter as mãos secas e frias, sem interferir com a termorregulação corporal.
As cintas de apoio lombar são também uma fonte de calor, e uma das medidas de prevenção é, simplesmente, usá-las apenas durante a execução de trabalhos de cargas e descargas.
Perante uma onda de calor, é imprescindível reforçar a ação preventiva.
A não utilização dos EPIs não é uma opção. Além de obrigatórios, são a única garantia de manutenção da saúde e integridade física do trabalhador, mesmo quando promotores de condições que concorrem para o aumento de perigo de stress térmico.
No SINTAB, sugerimos aos Representantes dos Trabalhadores para a segurança e saúde no trabalho que exijam, nas empresas em que trabalham, a implementação de medidas coletivas de prevenção. Caso não seja possível, devem então partir para a utilização de EPIs tecnologicamente mais avançados, devidamente certificados, que mitiguem os efeitos adversos do calor que, em última instância, podem causar a morte por insolação.
Os impactos do excesso de calor são vários e incidem, sobretudo, no agravamento de outros problemas, como as doenças cardiovasculares ou neurológicas, o aumento da mortalidade por Parkinson e demência, e a propensão para o aparecimento de doenças renais.
Por esse motivo, deve-se promover a realização de exames médicos periódicos para deteção de patologias que podem estar descompensadas.