Greve na Coca-Cola – Comunicado aos Trabalhadores

AOS TRABALHADORES DA COCA-COLA

Camaradas,

Desde 2020 que esta direção apenas nos surpreende com presentes envenenados. Depois de atravessarmos todo o eríodo de crise da pandemia aguentando, na linha da frente, a manutenção da operacionalidade e dos lucros, o que nos dizem é que valemos zero! Foi precisamente nesse ano que a administração da Coca-Cola nos “premiou” com um ato de gestão de 0% de aumento de salários.

coca cola

Depois disso, tanto em 2021 como em 2022, vimos os salários ser aumentados bem abaixo da inflação (1% e 1.5% de aumento por comparação com uma inflação acumulada de 9,1%), condenando os Trabalhadores a uma brutal perda de poder de compra, ou seja, a um acentuado empobrecimento.

Estes foram, porém, anos de quebra de recordes de produção e vendas e, consequentemente, de lucros, sem que os Trabalhadores por isso fossem compensados.

Persiste ainda a teimosia de não valorizar o conhecimento e experiência dos Trabalhadores. Com efeito, a reivindicação da implementação de diuturnidades, que saiu de grandes plenários realizados pelo SINTAB, tem sido recusada pela empresa, recusando assim a valorização de salarial de 25€ por cada ano de trabalho efetivo, até um máximo de 5.

À teimosia de não valorizar os trabalhadores por aversão à progressão de carreiras, a administração nega ainda a atualização das categorias profissionais proposta pelo SINTAB em sintonia com os Trabalhadores.

O mesmo acontece com o trabalho por turnos. O Pagamento atual de 70€ mensais é inaceitável quando comparado com o praticado em outras empresas do setor da mesma dimensão, com realidades de 30% e 35%  dos salários, situações onde, mesmos nessas, se verificam  grandes movimentações de trabalhadores com vista ao seu reforço, uma vez que o seu propósito é o da compensação de uma grande penosidade social, física e mental que está mais do que estudada e documentada e deve ser erradicada.

Por estes pontos e pelo reconhecimento dos Trabalhadores que, todos os dias, contribuem de forma ativa para o bom nome, a fama, e a riqueza desta empresa, apelamos à mobilização de todos os trabalhadores da CCEP para a grande Greve e ação de protesto agendada pelo SINTAB para o dia 26 de Abril, para onde convocamos já a comunicação social e a sociedade em geral, à porta da nossa fábrica em Azeitão.

 

  • POR UM AUMENTO SALARIAL QUE COMPENSE A BRUTAL SUBIDA DO CUSTO DE VIDA; 
  • PELA IMPLEMENTAÇÃO DE DIUTURNIDADES QUE VALORIZEM A ANTIGUIDADE E O CONHECIMENTO; 
  • PELA ATUALIZAÇÃO DAS CATEGORIAS PROFISSIONAIS À IMAGEM DA REALIDADE DA CCEP; 
  • POR UM SUBSÍDIO DE TURNO DIGNO, QUE MESMO ASSIM JAMAIS COMPENSARÁ OS DANOS PARA A SAUDE E PARA O EQUILÍBRIO SOCIAL DA VIDA DOS TRABALHADORES; 
  • PELA VALORIZAÇÃO DA SAUDE DOS TRABALHADORES MAIS VELHOS 

 

PARTICIPA!

DÁ O TEU CONTRIBUTO! 

SÓ TODOS JUNTOS CONSEGUIMOS!!!

A Comissão Sindical do SINTAB na CCEP.

Patrões das Conservas de peixe apostam na descaracterização social da força de trabalho – NOTA DE IMPRENSA

O SINTAB denuncia a tentativa de transformação do traço social e político dos Trabalhadores da indústria conserveira por parte dos patrões.

Os últimos meses têm decorrido em cima de iniciativas patronais de ataque à contratação coletiva e todos os direitos nela constantes, e despedimentos sob pretexto de falsas justificações de crise, em simultâneo com a arrecadação de lucros como nunca antes, como assumido diversas vezes.

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A indústria conserveira sempre se apoiou, de forma inequívoca, nas características do povo das comunidades piscatórias, fomentando uma simbiose inigualável, por fomentar a interação de setores a montante e a jusante da frota do cerco, aproveitando a vivência das pessoas e o seu conhecimento no ramo, muito também pela necessidade de mão de obra intensiva de que ainda hoje necessita.

Foi nesta premissa social e cultural que, em todas as zonas de alta densidade da indústria conserveira, se foram construindo décadas de história. Histórias de transformação económica regional quase sempre alavancadas pela iniciativa reivindicativa de gente tão peculiar.

É precisamente este principal traço que os patrões da indústria tentam agora apagar.

Se, na recente iniciativa de Consagração do Dia Nacional da Conservas de Peixe pela Assembleia da República, por iniciativa da ANICP, assistimos a uma total inversão de pressupostos, fazendo crer que a indústria é que contribuiu para os hábitos alimentares do País e não o contrário, e apagando totalmente a alusão às iniciativas revolucionárias dos Trabalhadores, maioritariamente mulheres, que contribuíram de forma séria para o combate à discriminação salarial de género, os Patrões debruçam-se agora sobre aquilo que acreditam ser uma letargia generalizada do povo para proceder à transformação social do coletivo de trabalho das suas fábricas.

Numa rápida apreciação à realidade das maiores fábricas da indústria das conservas de peixe em Portugal, podemos observar vários eixos de transformação:

  • Alienação do património nacional produtivo das conservas de peixe por via da venda do capital a investidores estrangeiros, sobretudo Espanhóis, que entendem e aproveitam o potencial de rendimento e lucro associado a uma indústria que se apoia em traços culturais e hábitos de alimentação saudáveis;
  • Alteração do traço social, político e económico do universo de Trabalhadores por via do recurso à subcontratação sem motivos que o validem, da assunção plena da política de salário mínimo (que abrange já praticamente a totalidade dos trabalhadores), e ainda da precarização dos vínculos laborais;

Esta movimentação organizada de todos os Patrões leva já alguns anos de preparação e avanço, aproveitando também o facto de os proprietários, quer por via da sucessão geracional, quer pela venda a capital estrangeiro, não possuírem hoje quaisquer compromissos de equilíbrio social com os seus Trabalhadores ou rosto público para manter, e assumiu recentemente especial empenho no ataque à contratação coletiva do setor.

Com efeito, a última ofensiva dos patrões da indústria conserveira assenta na tentativa de descaracterização dos horários de trabalho, em tentativa descarada de forçar o recurso ao trabalho noturno, uma realidade historicamente arredada do setor.

Esta ofensiva tem assumido contornos de chantagem, assumindo capacidade financeira para o considerável reforço salarial dos seus Trabalhadores, mas apenas e só por troca com a perda de direitos, numa lógica corruptiva da normal evolução social.

Nas iniciativas de negociação, os responsáveis da associação patronal (ANICP) têm afirmado, de forma clara, capacidade para melhoria dos salários de forma considerável desde que em cedência de direitos.

É também por isso que se considera cínica, absurda e ofensiva a recente iniciativa de despedimento coletivo na GENCOAL, conserveira exportadora em Vila do Conde, recentemente tornada pública, com incidência seletiva.

Este é, portanto, um cenário de maior coragem dos patrões no ataque aos direitos dos Trabalhadores, convencidos de um cenário de falta de iniciativa reivindicativa e capacidade de resistência dos Trabalhadores que, em boa verdade, apenas se verifica naquelas onde não há, ainda, organização sindical ou, havendo, é mal conduzida e organizada.

A resposta a tamanho ataque aos Trabalhadores, à sua dignidade, e à sua subsistência, reside na organização coletiva, por via da sindicalização e ativação do espírito reivindicativo.

É urgente avançar na contraofensiva que não só defende os direitos dos Trabalhadores perante este ataque dos patrões, como potencia a conquista de melhores condições de trabalho, mais direitos, e melhores salários.

É na sindicalização que está o ponto de viragem para o cenário atual adverso do setor das conservas de peixe.

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Trabalhadores Imigrantes padecem com a falta de resposta das entidades públicas – NOTA DE IMPRENSA

O SINTAB tem acompanhado de perto a situação dos trabalhadores imigrante a residir em Portugal, maioritariamente trabalhadores agrícolas e do setor da alimentação, sendo que a quase totalidade destes trabalhadores sujeita-se a entrar em Portugal “pela mão” de intermediários, sob a promessa de obtenção de um contrato de trabalho digno que depois não se concretiza. Esta é uma prática que continua a ser financeiramente muito rentável devido a não haver fiscalização da parte das entidades competentes.

MIGRANTESA

Esta ausência de fiscalização, em paralelo com a incapacidade de resposta no despacho de documentação necessária, tem levado centenas de Trabalhadores a manifestar o seu desagrado com a situação, de norte a sul do país, com protestos junto das delegações regionais da AIMA e do IRN. O jogo do empurra entre AIMA e IRN tem levado à falta de resposta aos problemas de milhares de trabalhadores, sejam oriundos de países da CPLP ou outros.

O SINTAB reitera a sua preocupação com a recente extinção da Secretaria de Estado para as Migrações, numa altura que os problemas destes trabalhadores não têm solução à vista, e quando a comunidade de trabalhadores nunca foi tão expressiva como no momento atual.

Entendemos que estas decisões, tendo motivações meramente políticas e não havendo explicação prática que o valide, se assumem claramente como um contributo dos governantes para a manutenção da situação precária destes trabalhadores que, ao não conseguirem regularizar a sua situação, se vêm obrigados a aceitar condições sub-humanas e ilegais de trabalho e habitação, favorecendo assim os patrões que não hesitam em aprofundar a exploração de quem trabalha.

Assumimos também uma grande inquietação pela validação do novo pacto para a política da União Europeia em relação das questões sobre os imigrantes, onde, por exemplo, os Estados podem optar por contribuir financeiramente sobre terceiros, em vez de dar resposta aos imigrantes deslocados.

Ao nível interno, estas situações saem agravadas pela falta de legislação laboral que proteja os Trabalhadores, como são exemplo o Contrato Coletivo de Trabalho para o setor da Agricultura do Distrito de Beja e também o de âmbito nacional que não são negociados, reforçando a exigência da revogação da caducidade da contratação coletiva, como vimos fazendo junto dos sucessivos governos

O Estado e as instituições públicas não podem estar do lado de quem explora os trabalhadores, e muito menos de quem acentua essa exploração em função das fragilidades sociais.

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