Trabalhadores da Cerâmica do Minho preocupados com risco de encerramento de Empresas!

|Notícia publicada por:Redação "O Minho"
(Jornal Digital da Região do Minho),em 16/03/2022|

Trabalhadores temem novos ‘lay-off’ e encerramentos de Empresas!…

foto ceramica

O Sindicato dos Trabalhadores da Cerâmica do Norte (SCMPVCN) disse hoje estar preocupado com situação dos funcionários daquele sector, perante o risco de novos “lay-off” e de encerramentos de empresas, decorrentes do aumento dos custos de produção.

“Temos recebido alguns contactos de trabalhadores preocupados com a cessação de contractos, uma vez que o aumento do custo das energias tem sido brutal. Há aqui o risco, que já tem sido avançado, de alguns pedidos de recurso a novos “lay-off” simplificados ou até encerramento de indústrias”, observou Afonso Graçoeiro, Coordenador do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção, Cerâmica, Cimentos e Similares, Madeiras, Mármores e Pedreiras de Viana do Castelo e Norte (SCMPVCN).

Indicou que o sindicato foi contactado por trabalhadores de municípios como Barcelos e Famalicão, Afonso Graçoeiro classificou as ajudas anunciadas pelo Governo para fazer face aos aumentos dos custos de produção, nomeadamente ao aumento dos combustíveis, decorrentes da ofensiva militar na Ucrânia, como “um paliativo” que “acaba por não proteger” os postos de trabalho.

“O que nos preocupa é que sejam os trabalhadores mais uma vez a pagar a factura e ter mais uma vez a corda no pescoço”, insistiu.

O sindicalista considera que mais uma vez são os trabalhadores, cujo vencimento é na sua maioria igual ao salário mínimo nacional, a “pagar a factura”, não tendo garantidos os seus postos de trabalho.

“Consideramos que deve haver uma intervenção do Governo, mas esse apoio que sirva para proteger trabalho e os postos de trabalho”, afirmou, lamentando que os lucros não tenham sido canalizados pelas empresas para o investimento em energias renováveis.

“Estamos a falar de sectores que, segundo a APICER [Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria], tiveram no último ano aumentos de 20% e não tiveram cuidado de proteger a produção investindo em fontes de energia renovável, optaram de ficar com os lucros”, observou.

Na terça-feira, o presidente da APICER, José Sequeira, revelou, em declarações à Lusa, que sete empresas do sector da cerâmica na região do Centro estão paradas devido à escalada dos preços da energia, abrangendo cerca de mil trabalhadores, mas o número deverá aumentar em Abril.

“Preocupam-nos muito essas sete empresas, mas preocupa-nos muito mais a perspectiva de que, no mês de Abril, esse número possa ser bastante superior”, frisou, à data, o dirigente, alertando para que, “nas atuais circunstâncias, é impossível manter a laboração”.

O problema vai surgindo “à medida que as empresas têm que fazer a renovação dos seus contractos de fornecimento de energia” e são confrontadas com os novos preços, explicou.

Na semana passada, também em declarações à Lusa, o presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho dizia-se preocupado com o impacto da ofensiva russa na Ucrânia está a ter na região, deixando um apelo ao Governo para que rapidamente baixe o Imposto sobre os Combustíveis (ISP).

“Eu tenho casos de empresas na indústria da cerâmica com aumentos do preço do gás natural na ordem dos 600%. Como é que é possível repercutir isso no cliente final?”, afirmou, na altura, Nuno Botelho, defendendo medidas urgentes para travar encerramentos de empresas.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 691 mortos e mais de 1.140 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

 

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