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TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL: filhos de um Deus menor?

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No mesmo dia em que a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) arranca (finalmente…) com uma acção nacional de fiscalização em empresas e quando está prestes a terminar o actual Estado de Emergência, é imperiosa a suspensão das obras e empreitadas em Portugal, com garantia de pagamento dos salários dos trabalhadores da Construção Civil e Obras Públicas.

Esta suspensão tornou-se um imperativo nacional para a salvaguarda da saúde dos próprios trabalhadores, das suas famílias e da população. É a defesa da saúde pública que está em causa!

O Inquérito Rápido e Excepcional às Empresas (COVID-IREE) divulgado hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e Banco de Portugal (BP), comprova que o sector da Construção e Actividades Imobiliárias é aquele que mantém em funcionamento a maioria das empresas (91%).

Na maior parte dos casos – visíveis nas obras de rua e nos estaleiros em todo o país – os trabalhadores não têm condições de segurança e saúde: sem máscaras, sem luvas, sem gel desinfectante, sem ser garantida a distância física mínima, sem condições sanitárias, sem acompanhamento nem controlo da medicina do trabalho, estes trabalhadores estão expostos ao contágio e a ser obrigados a trabalhar todos os dias nestas condições.

Mesmo em obras públicas de maior envergadura, como as da Iberdrola, em Ribeira de Pena, impõe-se a sua paragem imediata, para defesa da saúde dos cerca de 1.800 trabalhadores que ali laboram.

O Governo tem de tomar novas medidas e legislar, urgentemente, para suspender as obras, defender a saúde dos trabalhadores e impedir encerramento das empresas, integrando regras próprias para este sector nos próximos dias aquando da previsível renovação do Estado de Emergência pelo Presidente da República.

A título de exemplo, veja-se o tratamento discriminatório em relação aos trabalhadores do sector da Construção expresso na Mensagem do Presidente da Comissão Executiva (CEO) do Grupo NOV (ex-Grupo Lena), enviada a todos os trabalhadores do Grupo no passado dia 1.

Outro exemplo de falta de condições de segurança e saúde é o da construção do Hospital CUF-Tejo, em Lisboa (empreiteiro-geral: Teixeira Duarte), para a qual já foi requerida a intervenção da ACT.

A Construção Civil tem cerca de 300 mil trabalhadores, profissionais qualificados num sector onde abundam os vínculos precários, os salários baixos e a falta condições de segurança e saúde no trabalho.
São eles que constroem as casas onde nos recolhemos em tempos de pandemia, os hospitais onde somos tratados, as estradas e as pontes que nos unem. Merecem ser tratados com dignidade!

 

A DIRECÇÃO NACIONAL

FEVICCOM – Federação Portuguesa dos Sindicatos da Cerâmica, Construção e Vidro

28 DE ABRIL – Dia Nacional de Prevenção e Segurança no Trabalho

28 Abril 2017-Nota Imprensa

Acidente mortal na Alexandre Herculano 41

foto acidente alexandre herculanoReabilitação Urbana sim, mas com segurança!

O Sindicato dos Trabalhadores da Cerâmica e Construção do Sul, lamenta profundamente a ocorrência de mais um acidente de trabalho ocorrido hoje, dia 28 de Novembro (segunda-feira) pelas 12 horas, na Rua Alexandre Herculano 41 em Lisboa, os trabalhadores foram vítimas de um desabamento de 2 paredes  em L a partir do 5º piso para dentro do saguão que divide os 2 prédios, as 2 vítimas mortais eram trabalhadores da empresa Bernardino Teixeira, um sub-empreiteiro da CASAIS, empresa responsável pela obra de reabilitação urbana em causa.

Segundo dados da ACT, já faleceram 114 trabalhadores em acidentes de trabalho até ao início de Novembro de 2016, sendo que 34 desses acidentes mortais foram no setor da Construção, relembramos ainda que em 2015, o número de acidentes mortais foi de 142, sendo 43 deles no setor da Construção.

Exigimos o apuramento de todas as responsabilidades, neste acidente de trabalho, mas também nos restantes acidentes sem conclusões conhecidas até momento, 28 acidentes em averiguação de 2015 e 60 acidentes em averiguação de 2016. Há responsabilidades específicas, pelas quais alguém terá de prestar contas, os inquéritos instaurados terão de ser conclusivos.

É necessário e urgente agir de forma mais drástica,  deixando bem claro que a falta de protecção e segurança, trata-se de um crime, e como tal merece a punição adequada.

A resolução para esta sinistralidade laboral, começa na prevenção dos riscos profissionais e a responsabilidade do seu desenvolvimento por parte das entidades empregadoras, que a nenhum pretexto podem deixar de cumprir com as suas obrigações em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho.

Para uma vida digna é fundamental a existência de condições de trabalho dignas!
A DIRECÇÃO